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Rosângela 3o395p

Por Sergio Couri (*)

Neste mês das mães, conto a saga de Rosângela.

Apenas ada a lua-de-mel, teve Anna Luiza, que nasceu com deficiência. Após completar dois anos, a menina começou a andar - mas somente a andar. A seu lado, uma facilitadora: Rosângela, que cuidava de Anna Luiza, do marido, Carlos Thadeu, e de dois filhos varões, muitas vezes sem ter ajuda.

Um dia, bons ventos levaram a família para Londres, onde Carlos Thadeu pós-graduou-se e o casal nutriu esperanças vãs de encontrar cura para Anna Luiza. Rosângela, sempre avessa a discussões, seguia sendo o esteio da família. Cuidava de Anna Luiza e ajudava os outros dois filhos nos afazeres da escola. Ocupava-se da casa com zelo. Sacrificava-se pela família; não tinha tempo para cultivar amizades.

Estudou Direito, foi professora primária, mas largou tudo pela família.

Muitas vezes acompanhava o marido em seus compromissos - como Presidente do Banco da Amazônia, Diretor do Banco Central e do BNDES, Diretor Financeiro da Petrobras; e, no setor privado, como Presidente da Romasa. Viajavam juntos.

Anna Luiza, hoje com 52 anos, tinha comorbidades que avam a exigir mais e mais a presença de Rosângela. A certa altura, não pôde mais andar. Rosângela, porém, raramente se tratava; e o pulmão começou a enfraquecer. Até que a hipertensão pulmonar não mais lhe permitiu viver. Morreu há cerca de um ano. Anna Luiza segue cumprindo seu fado, sob a incansável vigilância do pai.

Rosângela, cujo nome é híbrido de rosa e de anjo, foi “mulher para todas as estações”, como no dizer de Thomas Mann. Sabia-se bonita, dispensava tratamento estético. Não bastassem suas vicissitudes, ela e Carlos Thadeu tiveram tempo para preocupar-se com as nossas. Demos ao casal um filho para batizar.

Há muito de Rosângela no mestrado dos filhos, na carreira brilhante de Carlos Thadeu como economista, associada a nomes como Mario Henrique Simonsen, Karlos Rischbieter, Ernane Galvêas, entre outros.

Não é este, contudo, um texto sobre economia. Sua intenção é evidenciar as limitações das crianças com deficiência no Brasil - que, só recentemente, existe legislação apropriada.

O sofrimento e a angústia são atrozes, quando sua cura depende exclusivamente de uma causa externa, que habita os domínios do imponderável. Só sabe quem sabe.

Todas as mães de crianças com deficiência tomam para si a tarefa de proteger não apenas a criança afetada, mas também toda a família. Rosângela foi aconselhada diversas vezes a internar Anna Luiza numa clínica, mas nem deixava as pessoas terminarem de falar. Todos os dias estava junto a Anna Luiza e aos outros filhos, a quem acompanhava em suas atividades e tratamento.

Por tudo isso e muitas coisas mais, estas linhas são dedicadas à todas as mães de crianças com deficiência neste mundo de Deus, como Rosângela. E também aos pais - como Carlos Thadeu de Freitas Gomes, a quem me associo nessa homenagem - que procuram fazer sua parte, sob a proteção de São José, que tão bem fez a sua.

*Embaixador (inativo), economista, advogado e escritor







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