POR FELIPE ARARIPE E SÔNIA ARARIPE, DE PLURALE
FOTOS DE DIVULGAÇÃO/ PIRACANJUBA
Há 30 anos, D. Ivanise Espiridião da Silva busca resposta para explicar o repentino desaparecimento de sua filha Fabiana Espiridião, bem perto de casa, na época com 13 anos. Em uma noite de dezembro de 1995, Fabiana saiu acompanhada de uma colega que morava a cerca de 300 metros de sua casa. Foram fazer uma visita rápida a uma amiga que fazia aniversário. No caminho de volta, se despediram e cada uma seguiu em direção à sua casa. Neste trajeto, Fabiana desapareceu. Nunca mais foi vista. Este domingo, Dia das Mães, será mais um para marcar a sua dor e a sua luta.
"É uma dor que nem dá para explicar. Você não sabe se o filho está vivo ou morto. Acreditamos no reencontro. Mas se a notícia for de morte, temos o direito de saber, de ter o corpo para enterrar de forma digna. Gostaríamos ao menos de encerrar um ciclo, saber o que aconteceu", desabafa D. Ivanise em entrevista à Plurale. A partir da sua triste história ela acabou conhecendo outras tantas mães que atravessam a mesma angústia. E fundou o Movimento Mães da Sé. As mães de filhos desaparecidos se uniram há 30 anos e divulgam, na tradicional praça do Centro paulista, cartazes com fotos de seus entes queridos.
Com o objetivo de ajudar D. Ivanise e milhares de outras mães que vivenciam o mesmo pesadelo, as marcas Piracanjuba e LeitBom - de leite e produtos derivados - lançaram, no final do ano ado, a campanha "Desaparecidos" - que usa inteligência artificial para divulgar rostos de desaparecidos. A inovação foi fazer uso da inteligência artificial para atualizar as imagens da época em que aquelas pessoas desapareceram e poder divulgá-las nas caixas de leite. Com o uso de ferramentas de Inteligência Artificial, e com a colaboração do perito Hidreley Diao, especialista na técnica de projeção de idade, a campanha faz uso da grande capilaridade e distribuição da Piracanjuba, a nona marca mais escolhida nos lares de todo o país, para aumentar significativamente a chance de que essas pessoas sejam encontradas, ao transformar retratos antigos em cenas atuais e inseri-las em situações do cotidiano. Produzidas pela Tetra Pak, milhões de embalagens estão sendo distribuídas, contando com a logística da Piracanjuba, em todo o território nacional.
Dados do Anuário da Segurança Pública 2024 mostram que no ano ado foram registrados 80.317 casos em todo o País - 3,2% a mais em relação a 2022. A ação reedita um movimento dos anos 1980, que estampava fotos de pessoas desaparecidas em caixas de leite nos Estados Unidos - e que, agora, ganha uma releitura por meio da tecnologia.
Do Rio de Janeiro, por exemplo, há o caso da jovem Priscila Vieira Belfort, desaparecida aos 28 anos, que ganhou muita divulgação: Priscila é irmã do campeão mundial de luta da UFC, Vitor Belfort. Apesar das buscas da Polícia e da divulgação intensiva de sua foto e seu nome, o desaparecimento da jovem nunca chegou a ser esclarecido. Há diversos outros casos e nomes. D. Ivanise explica que, ao contrário do que a sociedade pensa, este não é um assunto apenas de foro íntimo da família e que também não é de baixa ocorrência. "Não tem cor, dinheiro ou idade. Infelizmente, é muito mais comum do que imaginamos", adverte. Apenas no cadastro do Movimento Mães da Sé, 7 mil mães registraram o desaparecimento de seus entes queridos. "É uma família inteira que chora o desaparecimento. A sociedade como um todo precisa cobrar respostas e enfrentar este drama de frente", alerta a ativista. D. Ivanise se emociona com a campanha e com o apoio do Grupo Piracanjuba. "Dependemos da sociedade como nossos olhos. E a Piracanjuba está nos ajudando muito a chegar longe com a nossa busca."
Visibilidade
"Nossa intenção não foi fazer uma campanha de marketing tradicional. Decidimos abraçar a causa e ver se conseguiríamos chamar a atenção da sociedade para este drama que atinge milhares de famílias. Esta é uma iniciativa que nos enche de esperança. Os produtos Piracanjuba estão presentes no dia-a-dia das famílias, acompanhando muitos momentos de união e de alegria à mesa. É muito triste o desaparecimento de um membro da família; é algo que afeta a todos. Com essa ação, queremos gerar empatia e contribuir para a busca dessas pessoas", explica Lisiane Campos, Diretora de Marketing do Grupo Piracanjuba (foto acima).
A marca resolveu expandir as 19 imagens utilizadas em seus produtos: o uso dessas fotografias agora está em sincronia com a ampliação da presença do anúncio de desaparecidos, junto com os produtos da LeitBom. “A gente resolveu colocar em todos os tipos de leite, porque a gente tem integral, desnatado, semi, A2, zero lactose. É para a gente ter o alcance, porque aquela pessoa que compra desnatado, talvez não vá ver na embalagem de integral. A ideia mesmo é ajudarmos as Mães da Sé nessa luta. Crescemos a logo da Mães da Sé nas embalagens, porque quem é para aparecer são elas, não é a gente. Além disso, trazermos mais 50 nomes nessa nova fase”, completou Lisiane.
A ideia partiu da agência Ampfy, que tem a conta do grupo. Em pouco tempo, a campanha ganhou as gôndolas de supermercados e outros pontos de venda espalhados pelo Brasil e também conquistou visibilidade para o movimento das mães."Piracanjuba é sinônimo de qualidade e de cuidado. Uma marca que chega nos lugares mais distantes do Brasil, coloca seu predomínio a favor de uma causa nobre e urgente: trazer esperança e, quem sabe, voltar a reunir famílias," afirma o CCO da Ampfy, Fred Siqueira.
Lisiane conta que os representantes da Piracanjuba estiveram algumas vezes com D. Ivanise e outras mães do Movimento, em São Paulo. Visitaram a sede da entidade sem fins lucrativos, localizada em Pirituba, Zona Norte de São Paulo (foto acima), que visa a ajudar famílias de pessoas desaparecidas em todo o Brasil. A visita teve como objetivo fortalecer os laços estabelecidos desde 2024, com o início da campanha "Desaparecidos". A empresa está ajudando agora a trazer melhorias para a sede da ONG e também roda material de divulgação em cartazes com a ajuda de empresas parceiras. "Desaparecidos é uma ação perene. Estamos muito envolvidos com ela e já olhando para a sua continuidade. Queremos usar a força de nossa rede para ajudar na causa", reforça Lisiane.
Não há dados que confirmem que a campanha tenha conseguido localizar diretamente algum dos desaparecidos mas, indiretamente, já está surtindo efeito. Até o momento, com os holofotes chamando a atenção para o tema, oito pessoas foram encontradas.
No endereço www.piracanjuba.com.br/desaparecidos o público pode saber mais sobre a iniciativa e obter mais informações sobre cada uma das pessoas apresentadas na campanha. O perfil da Mães da Sé, no Instagram, vai mostrar diversas fotos e até vídeos, tudo feito por Inteligência Artificial, a partir de um único retrato antigo.
ESG
A estratégia de ESG da empresa vai muito além dessa campanha social que eles realizam, explica Lisiane: “Somos uma empresa que cresceu muito, mas cresceu muito com esse pilar da simplicidade da família. O Marcos e o César são dois irmãos e eles sempre trouxeram isso para a gente. Temos duas pontas que são muito fortes na empresa, uma da compra de leite, dentro da compra de leite, eu tenho 8.000 produtores que somadas às suas famílias, a gente tem mais de 20.000 pessoas ligadas a gente no campo, a gente tem um trabalho de consultoria junto a esses produtores para melhorar a rentabilidade deles, para melhorar a qualidade de leite, para melhorar a produtividade nas fazendas, para melhorar os impactos das fazendas no meio ambiente. Outra ponta da produção em todas as nossas fábricas nós temos sistema de tratamento de água e efluentes. A fábrica de Bela Vista tem um projeto gigante de tratamento de água e efluentes, advindo do Canadá, que é o mais moderno da América, conseguindo devolver as águas limpas de volta para o rio”.
Sobre o crescimento da marca, Lisiane afirma que o crescimento do Grupo está em conjunto aos pilares ESG: “A gente acha que a gente ainda tem muita coisa para fazer, a gente busca crescer de forma muito sustentável, de forma muito responsável, sempre respeitando o meio ambiente. A empresa já pensa e já age, para isso há muito tempo, independente de de da gente ter a sigla ESG estampada, já é normal no nosso dia-a-dia”.